segunda-feira, 26 de maio de 2008

Vamos dar o devido valor

Evitar cuidar do próprio dinheiro e até mesmo fugir do assunto: o medo de lidar com as próprias contas é mais comum do que se pensa.
Um estudo feito pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, com o objetivo de entender como as pessoas se relacionam com suas finanças pessoais revelou um quadro preocupante. Metade dos entrevistados apresentou aceleração do ritmo cardíaco quando teve de lidar com suas finanças e 15% ficaram imóveis, se recusando a analisar os dados. Existe pessoas, por exemplo, que sequer abriam as correspondências com extratos bancários. É o que os especialistas chamam de fobia de finanças. Dos que apresentavam esse tipo de comportamento na pesquisa britânica, 23% eram mulheres e 18% homens.
Para os psicoterapeutas especialistas em comportamento financeiro, a fobia está ligada ao medo do desconhecido. De um modo geral, as pessoas não foram preparadas para lidar com dinheiro, acabando por assumir, muitas vezes, uma atitude infantil. “É menos tabu falar sobre sexo do que sobre gestão financeira”, afirmam. Essa opinião é reforçada por alguns economistas, segundo eles, parte dessa aversão em tratar das finanças pessoais tem origem na falsa noção de complexidade do tema. “Até a linguagem técnica usada por profissionais ajuda a disseminar essa resistência”. No País, essa situação pode ter sido agravada por conta do longo período de inflação pelo qual os brasileiros tiveram de passar. Proteger o dinheiro, naquela época, significava consumir o mais rápido possível. E mudar um hábito cultivado ao longo de tantos anos é tarefa difícil.
Mas independente da origem do problema, evitar administrar as próprias finanças pode produzir conseqüências graves, como o descontrole financeiro. É comum que as pessoas endividadas recorram a novos empréstimos como forma de sanar os problemas no curto prazo. No longo prazo, porém, o endividamento tende a se transformar em uma bola de neve. O primeiro passo para tratar a fobia de finanças, assim como qualquer outra, é aceitar o problema e encará-lo. Feito isso, a pessoa pode passar para o segundo passo, que é planejar o orçamento doméstico. Só assim será possível economizar para, mais tarde, investir parte do que ganha.

(Baseado no texto da Revista “Isto é Dinheiro”)

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